terça-feira, 22 de dezembro de 2009

MATERIAL POSTADO NO GANJACORE. ESTAMOS AJUDANDO NA DIVULGAÇÃO DA NOVA BANDA DO TUNÃO

ENTREVISTA : TUNÃO & GARY LYONS (BUFFALO THEORY MTL)

SEGUE AQUI UMA ENTREVISTA EXCLUSIVA LEVADA PELO NOSSO COLABORADOR TATÁ COM O NOVO VOCALISTA DA BANDA CANADENSE BUFFALO THEORY MTL TUNÃO, OU AGORA ANTON PARR!!!! AGRADEÇO AO TUNÃO E AO GARY LYONS (QUE RESPONDEU ALGUMAS QUESTÕES SOBRE A BANDA) E AO TATÁ PELA EXCELENTE QUALIDADE DA ENTREVISTA.


Canadá: vida, trabalho e mudança.



1) Há quanto tempo você mora no Canadá? Como surgiu o interesse de mudar para o exterior e porque o Canadá?



Tunão: Desde março de 2006... quase 4 anos já. O interesse surgiu naturalmente, pois eu sempre adorei viajar, e também porque eu sempre prezei muito a qualidade de vida, tipo segurança, estabilidade financeira e a cordialidade entre as pessoas.



2) (quem acompanhou a sua carreira aqui no Brasil sabe que você sempre esteve de uma forma ou outra envolvido com atividades ligadas à música, paralelamente a outras atividades profissionais....) Qual era a sua profissão no Brasil? E em que você trabalha no Canadá?



Tunão: No Brasil eu era arquiteto e designer gráfico. Aqui no Canadá eu sou diretor da área técnica de uma empresa que fabrica blocos de concreto (www.novabrik.com), mesclando meus conhecimentos de arquitetura e de design, além de estudar em um curso de especialização em arquitetura moderna e patrimônio na Université du Québec à Montreal.



Buffalo Theory MTL: banda, testes, vocal e próximos passos



3) Como você conheceu a banda Buffalo Theory MTL? Imagino que você, uma vez morador, logo foi tomando contato com a cena metal de Montreal, shows etc... Fale um pouco sobre isso...



Tunão: Foi bem por acaso. Eu me cadastrei em uma lista de e-mails de um programa de Metal em uma rádio FM local. Um belo dia eu recebi uma mensagem nessa lista falando que eles estavam procurando um vocalista. Mandei meu “Curriculum Vitae” pra eles uns dias depois. Sobre a cena metal eu não sou um profundo conhecedor, mas meus hábitos de “garimpeiro” do metal me ajudaram bastante. Show por aqui tem direto, em várias casas de shows, o problema é sobrar grana pra tanto evento legal! Nesse sábado vai ter Voïvod (vai ser a terceira vez que vou conferir o massacre ao vivo!) com o Les Ékorchés.



4) Como você definiria o estilo da banda? Quais são as influências do Buffalo? (parte disso está no myspace, mas se houver algo além, que você tenha notado no convívio dos ensaios...)



Tunão: Eu sempre fui meio contra rotular uma banda, pois isso pode acabar limitando a liberdade criativa. Uma boa definição é a que o Gary (baixista) colocou no site da banda: O som da banda é pesado como uma tonelada de tijolos! Acho que todas as boas bandas de metal nos influenciam de alguma forma.



5) Como foram os testes para vocal do Buffalo Theory MTL? Como você soube da vaga e o que o motivou a participar? Quais e como foram as etapas?



Tunão: Eles marcaram uma data e me passaram 3 músicas gravadas sem os vocais. Eu tive que compor as letras e as melodias vocais e ir lá cantar com eles. Fiquei sabendo da vaga pela “mailing list” do programa Metal File (da CHOM FM de Montreal), e o que me motivou foi eu ter gostado muito do som e ver que os caras tinham o mesmo “background” e experiência que eu. As etapas foram uma “jam” em junho de 2009, em seguida eu gravei os vocais de forma caseira e mandei pra eles em MP3 (acho que isso foi decisivo, já que no teste ao vivo o som estava absurdamente alto e a minha voz estava bem “escondida”). Fiz uma brincadeira e mandei uma foto montagem comigo meio de “fantasma” e uma interrogação sobre a nova formação da banda. O Gary me respondeu em seguida dizendo que tinha gostado muito e que me chamaria para um segundo teste no final de agosto (depois das férias de verão). Eles marcaram um novo teste em setembro de 2009 que foi bem mais legal, pois eu ouvia as 3 faixas todos os dias incansavelmente! Nisso só tinha sobrado eu e um outro cara. Uns dias depois eles me ligaram marcando um terceiro teste, e nesse dia eles me deram a notícia de que eu tinha sido o escolhido.



6) Essa é mais pela curiosidade: é verdade que o Snake, do Voivod, também era um dos candidatos? Como foi enfrentar essa concorrência?



Tunão: Sim, é verdade. A gente ensaia na mesma sala que o Voïvod, pois o guitarrista do Buffalo Theory MTL (Pat Gordon) toca com o Away no Les Ékorchés. Aí quando o Snake soube do projeto ele mostrou interesse em cantar com a banda. Eles chegaram a enviar as MP3 do instrumental para ele compor alguma coisa, mas (para a minha sorte! haha) isso coincidiu com os inúmeros convites que o Voïvod recebeu para tocar no exerior. Finalmente o Snake estava tão ocupado com o Voïvod que não conseguiu nem ao menos ser “testado” no Buffalo. Eu enfrentei a concorrência meio “de olhos vendados”, pois eles foram super profissionais e não faziam muitos comentários sobre os outros candidatos.



7) (Essa é difícil de responder, está achando que é moleza??? rsrs)

Quais qualidades suas (do vocal e musicais em geral) você acha que foram decisivas para a conquista da vaga? O restante da banda comentou algo a respeito? (se achar meio narcisista responder essa, pode deixar quieto, que não tem problema!)



Tunão: (Risos) Acho que principalmente o meu sangue frio (os anos de experiência contaram ao meu favor) e a meu entusiasmo em compor algo verdadeiro, sem tentar agradá-los. Eles também comentaram na época que eu era menos “gritador” que os outros candidatos. (risos)



8) Na mesma linha, o que você pode adiantar dos vocais que está preparando para as músicas do Buffalo? Qual é mais ou menos a linha do seu vocal para essa banda? Quem conheceu o seu trabalho no Brasil no The Still e no Avalon irá encontrar mais semelhanças ou diferenças entre o seu trabalho atual e os anteriores?



Tunão: Como eu disse eu tento ser o mais natural possível. Eu diria que eu tento ser ao mesmo tempo agressivo e um pouco melódico, incorporando influências que vão de Mike Patton a Phil Anselmo e Max Cavalera. Quem conhece o The Still e o Avalon, com certeza vai “reconhecer” a minha voz, mas com certeza vou tentar acrescentar outras coisas pra não virar uma cópia de mim mesmo. Aproveitando a deixa confiram a minha nova página no MySpace (www.myspace.com/antonparrmusic) e relembrem alguns sons das minhas antigas bandas.





9) Quem acompanhou sua carreira no Brasil sabe que você começou na bateria, depois foi para a guitarra e, em uma etapa posterior, assumiu os vocais também... Agora você será o vocalista e frontman da banda. Como está sendo a adaptação para a função exclusiva de vocalista? Há alguma preparação especial? Sente algum estranhamento em cantar sem a guitarra em punho?



Tunão: Com certeza estou ansioso para ver como isso vai se passar no primeiro show. Eu gosto de desafios, e esse será um dos grandes! A preparação é sem dúvida feita nos ensaios, pois o show de uma banda bem ensaiada ainda é melhor do que um show de músicos virtuosos mas mal entrosados. É estranho sim tocar sem a guitarra em punho, mas também me dá muita liberdade para compor linhas vocais não calcadas na linha de guitarra. Acho que um dos únicos caras que faz isso bem (tocando e cantando ao mesmo tempo) é o Dave Mustaine, não eu. (risos)



10) Como está sendo a mistura entre a suas influências e as do restante da banda? Há muita proximidade? Diferenças saudáveis estão surgindo....?



Tunão: Isso é muito legal. Eu venho do thrash metal basicamente, o Pat (giutarra) vem do thrash / death / hardcore, o Gary (baixo) adora Down e Clutch, o Brian (bateria) e o Yannick (guitarra) são bem ecléticos e mais técnicos do que emocionais. O denominador comum é sem dúvida o rock pesado, e o resultado fluiu sem nenhum atrito, com cada um tentando acrescentar o seu toque e melhorar o produto final.



11) Quais são os próximos passos do Buffalo Theory MTL? O aviso no myspace comenta que a banda está trabalhando em um novo layout para o myspace e fazendo contatos para shows.... Quais são as perspectivas de shows, gravações e outras?



Tunão: Acho que todos estão ansiosos para entrar em estúdio, gravar uma demo e começar a divulgar isso para os promotores de shows e gravadoras. Isso deve se concretizar agora no início de 2010. Ainda não verifiquei no horóscopo chinês, mas com certeza 2010 é o “ano do búfalo”! (risos)



12) O Buffalo está à procura de uma gravadora, já tem uma em vista ou pretende divulgar e distribuir de forma independente o seu trabalho, como muitas bandas vêm fazendo? Já houve alguma conversa nesse sentido?



Tunão: A gente ainda não chegou nesse estágio de optar por um ou por outro. Os nossos anos de estrada nos dão a clareza de optar pelo melhor caminho. Ser independente é legal mas demanda muito mais trabalho... estar numa gravadora grande é legal mas acaba te limitando bastante na hora da liberdade de expressão. Vamos ver o que é que rola.



Sobre a cena underground/metal de Montreal e do Quebec em geral



13) Voltando ao Voivod, qual a ligação do Buffalo Theory com o Voivod e com outras bandas de Quebec? (O guitarrista toca também no Les Ékorchés, com o Away....) Fale um pouco sobre a cena underground/metal de Montreal e do Quebec em geral... Se as bandas são próximas, se existe uma cena propriamente dita...



Tunão: Eu ainda sou o novato da banda, mas já deu para perceber que todo o pessoal das bandas se conhece e uns vão aos shows dos outros. A ligação com o Voïvod é mais estreita por causa do Les Ékorchés, mas os caras do Buffalo são amigos deles de longa data, assim como do pessoal das outras bandas locais. Tem ótimas bandas aqui, como Despised Icon, Cryptopsy, Martyr, Ghoulunatics, Priestess, Arsenic 33, Transe Metal Machine, Neuraxis e muitas outras. Os shows são numerosos e os lugares para tocar também. Eu notei também um grande profissionalismo por parte dos músicos, já que muitos e muitos deles têm formação acadêmica em música.



14) Qual o grau de profissionalização dessa cena? Há grandes shows, selos que distribuem essas bandas no restante do Canadá e/ou no exterior?



Tunão: Grau de profissionalização bem elevado, com ótimos lugares para shows e a inexistência de “jabá” para tocar. Os selos locais eu ainda não conheço o suficiente, mas acho que as bandas daqui que cresceram mais acabaram assinando com selos grandes como a Century Media por exemplo. O Priestess que lançou o primeiro disco pela multinacional MCA agora está na gravadora local Indica, a mesma do Les Ékorchés e do Arsenic 33.



15) Na mesma linha: algum dos músicos do Buffalo, por exemplo, trabalha profissionalmente com música ou todos têm empregos paralelos fora do meio musical? (Sabemos que no metal quase ninguém vive de música, exceto algumas banda enormes e consagradas, mas é uma curiosidade que os brasileiros, especialmente os garotos, costumam ter...)



Tunão: O Pat (guitarra) trabalha numa empresa que faz a produção técnica dos shows e o Brian (bateria) trabalha em uma importadora de instrumentos musicais. Os outros três estão um pouco mais longe do meio musical: o Yannick (guitarra) é carteiro, o Gary (baixo) trabalha na indústria farmacêutica e eu estou na área de arquitetura e contrução.



16) Ainda sobre a cena musical underground/metal de Quebec, qual é a integração entre essa e a do restante do Canadá e, ainda, com o circuito do metal norte-americano? O fato de ser uma província de língua e influência cultural francesa, em um continente com grande influência dos EUA, cria alguma dificuldade, algum isolamento?

Excelentes bandas como o Priestess e o Martyr, por exemplo, ainda têm uma visibilidade aquém do que mereciam no mercado underground ou é uma impressão equivocada minha (já que estou no Brasil)?



Gary Lyons: Eu diria que a cena no Canadá tem sua base no Québec. Acho que 85% de todas as bandas de metal mais ativas são do Québec. Aqui tem muitos estilos e bandas de metal híbrido influenciadas por todo tipo de música, não somente um tipo de death metal. O melhor lugar (no Canadá) para tocar é no Québec, e qualquer banda que excursiona por aqui dirá o mesmo. Onde nós ensaiamos (um antigo edifício industrial), tem umas 200 bandas, na maioria metal ou rock, o que eu penso que é único no mundo. Deve ser o clima frio que nos faz exteriorizar tanta agressividade!!

As bandas excursionam pelo Canadá, mas não freqüentemente, pois o país é muito extenso, as cidades longe umas das outras, então é difícil organizar uma turnê rentável pelo país todo. British Columbia tem uma cena legal, mas é tão longe que poucos vão até lá para tocar... Também o público lá é menor do que aqui, e nas províncias centrais a cena é bem pequena... se existir... Com relação à América do Norte, eu não conheço bandas underground que vão para os Estados Unidos. As bandas daqui vão normalmente para países europeus, como Alemanha, Holanda, França e Áustria por exemplo.

A maioria das bandas canta em inglês, então eu não acredito que haja um isolamento, mas é definitivamente difícil entrar no mercado americano. Lá tem muitas bandas, e se uma banda quer ficar conhecida lá tem que excursionar durante muito tempo e por pouca grana para tentar conquistar os fãs. Mas acho que isso tem acontecido mais nos últimos tempos. Bandas como Cryptopsy, Despised Icon, Kataklysm, Unexpect, Neuraxis são daqui e estão fazendo um sucesso legal. Eu acho que as gravadoras estão começando a olhar mais para o Québec. E no final algo que importa é o quanto a gravadora apóia a sua banda. Uma boa gravadora, trabalho duro e excursionar bastante é o que vai fazer a banda ser reconhecida.



17) Se houver algo eu não perguntei, mas que você queira mencionar, manda bala!



Tunão: Valeu Otávio e Ganjacore pela oportunidade de contar um pouco da história do Buffalo Theory MTL, e espero sinceramente poder ir para o Brasil tocar com a banda e mostrar para eles a energia do público brasileiro!





Perguntas para a banda



1) Como e quando surgiu a ideia de começar o Buffalo Theory MTL?



Gary Lyons: A idéia surgiu quando o vocalista do Ghoulunatics deixou a banda em 2008. Nós decidimos não continuar a banda sem um dos três membros fundadores. Depois disso, Pat, Brian e eu resolvemos continuar juntos, mas nós quisemos mudar o direcionamento. Sendo um fã de rock, stoner e esse tipo de coisa, eu sugeri que nós fôssemos nessa direção...



2) Parte da banda veio do Ghoulunatics. O Buffalo pode ser considerado uma continuação do Ghoulunatics ou os estilos são muito diferentes? Qual é o estilo do Buffalo?



Gary Lyons: As duas bandas são completamente diferentes. Nós temos 3 ex-Ghouls, mas a grande diferença está no estilo de som e também agora eu estou compondo bastante, coisa que eu não fazia antes. Ghoulunatics era baseado na imagem do horror, filmes B, etc. e o Buffalo Theory MTL é mais uma fusão entre um rock básico e com melodias, eu acho que nós somos um pouco de stoner rock misturado com afinação bem baixa, que nos dá aquele som pesado e encorpado.

Uma outra grande diferença e o trabalho de guitarra de Yannick. Ele toca a maioria das partes mais “bluesy” nas músicas, o que eu acho que faz toda a diferença e contribui para o resultado final e a originalidade da banda. Yannick era o vocalista e guitarrista de uma banda muito popular de Montreal chamada Arseniq 33 durante 17 anos, então eu acho que ele traz toda essa experiência com ele...



3) Quais são as principais influências da banda?



Gary Lyons: As bandas que influenciam o BT são aquelas que nós crescemos ouvindo, tipo Black Sabbath, Deep Purple, e coisas mais recentes como Down, Clutch, Queens of Stone Age, Kyuss e coisas do tipo.



4) Como foram os testes para escolher o vocal do Buffalo Theory MTL? O que foi decisivo para a escolha de Anton Parr?



Gary Lyons: Pessoalmente eu gostei da voz dele desde o início, e eu tentei influenciar os outros membros durante o processo! (risos) Mas falando sério, nós testamos um monte de vocalistas e nós demos tempo ao tempo, mas nós sempre os comparávamos com o Anton. Nós não sabíamos exatamente o que nós estávamos procurando, mas o seu tom de voz e a maneira com que as suas letras deixam “a música respirar” foram os fatores principais.



5) Quais são os planos da banda para o futuro próximo?



Gary Lyons: Nós queremos gravar uma demo com 5 ou 6 músicas no início de 2010 e procurar uma gravadora. Então nós poderemos nos preparar para o nosso primeiro show... e eu mal posso esperar!



6) Há interesse da banda em um dia tocar no Brasil, aproveitando o fato de ter um vocalista brasileiro?



Gary Lyons: Porque não? Se aparecer uma oportunidade de ir para o Brasil e fazer uns bons shows com certeza nós iremos! Eu adoraria conhecer o Brasil.



7) O que você (e os outros integrantes da banda, pelo que você sabe) conhece do metal brasileiro? Gosta de alguma banda brasileira de metal em particular? E de música brasileira em geral?



Gary Lyons: A única banda que eu conheço é o Sepultura, e eu escutava bastante desde o Beneath the Remains até o Chaos AD. Eu admito que não conheço muito do Brasil. Nós não ouvimos falar muito do Brasil por aqui provavelmente pela proximidade com as coisas que se passam nos Estados Unidos.



Tunão: O Pat (guitarrista) me falou que conhece também o Ratos de Porão. O Krisium também é bem conhecido do público local tendo tocado por aqui várias vezes, inclusive em um festival de metal em Trois Rivières junto com o Voïvod e o Ghoulunatics. Se não me engano eles também vieram para cá gravar com produtores locais.



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