sábado, 24 de outubro de 2009

RAPTOR - SOULPLUNDERES (2006) UBÁ- MG









Raptor, em português, diz-se daquele que é o agente do cativeiro de outrem, geralmente tomado por violência física ou coação. É, por fim, o responsável por um rapto. Na língua inglesa, a terminologia pode referir-se tanto a uma maneira mais simplificada e informal de menção às aves de rapina quanto – e, talvez, até mesmo por analogia, considerando a teoria evolucionista – ser o sufixo referente a um tipo específico de dinossauro que, embora pequeno, é voraz e rápido; um carnívoro letal. Vale lembrar que foram répteis como esses que, posteriormente, evoluíram para aves, o que poderia explicar a abrangência no uso da palavra em questão.



O significado que nos basta e que pretendemos fazer o mais identificável a uma menção despretensiosa da palavra diz respeito a um coletivo mineiro sediado em Ubá, representante do Heavy Metal Tradicional, constituído hoje por cinco músicos de formações diversas, porém interseccionados nas afinidades sonoras no que concerne às composições e influências básicas. A reunião sob este nome deu-se na segunda metade do ano de 2003, quando Velho Joça Reis, então egresso das cinzas do Crossfire, no intuito de registrar faixas compostas por ele ao longo dos anos, revela tal intenção a Toninho Lisboa, baterista daquela que foi a última formação do mesmo Crossfire. Por sugestão e intermédio deste, Vinnie Bressandt é contatado e se junta ao duo, rebatizado finalmente como Raptor. Ainda sem baixista, o trio recorre, desta forma, aos serviços de Evil Rhan – amigo de longa data, à época guitarrista do Prossex. Começam os ensaios e, logo, o processo de gravação. Incongruências e incompatibilidades de agenda resultam na conseqüente saída de Rhan ainda no começo dos trabalhos. Apenas a faixa Dark Angel fora por ele registrada. Para a conclusão das gravações é recrutado outro grande amigo do trio, o multi-instrumentista Celso Moreira. Com este luxuoso auxílio e gravações exaustivas do período de outubro de 2003 a fevereiro de 2004, fica pronto o primeiro registro do Raptor. Intitulado, "Soulplunderers" (Saqueadores de Almas), o petardo só chegaria às mãos dos bangers em meados de 2006, devido a uma série de contratempos e ao alto custo relacionado a um lançamento nos moldes do que o trabalho merecia. Em decorrência de tal atraso, foi-nos permitido incluir como faixa bônus uma segunda gravação da faixa Marching Alone, registrada na cidade de Juiz de Fora, em reconhecimento à colocação de destaque do coletivo no Festival de Bandas Novas 2004. Na época, o Raptor também se apresentava ao vivo com Celso Moreira no baixo, embora o mesmo nunca tenha sido efetivado no posto. Problemas de ordem diversa impedem que Velho Joça Reis possa registrar a sua composição no Estúdio Caraíva, de Juiz de Fora. Cabe, então, ao próprio Celso Moreira fazê-lo.



Antes mesmo de um lançamento oficial de "Soulplunderers", é lançado o CD duplo "Festival de Bandas Novas – 6", contendo gravações dos 10 primeiros colocados do Festival e de convidados dos organizadores, cabendo ao Raptor a faixa 05 do CD 02. Nesta mesma época, ainda que não houvesse lançamento oficial do primeiro demo-CD, as músicas eram bastante divulgadas e sua difusão em sites como Audiostreet e Trama Virtual era constante. Tal fato associado às apresentações energéticas proporcionou que a banda construísse para si uma reputação local e começasse a se tornar cada vez mais conhecida. Com o aumento no número de apresentações, tornou-se clara a impossibilidade de Celso Moreira conciliar seus trabalhos outros com a manutenção do frutífero, ainda que curto, período de cooperação. Mais uma vez, por intermédio de Toninho Lisboa, o contato com Tom Varella II é firmado e a vaga é prontamente preenchida, hajam visto o empenho e a garra nas apresentações e em algumas "provas de fogo". Também é desta época o convite para a participação em dois honrosos projetos do underground metálico nacional: a gravação de uma faixa para o Tributo ao Overdose e para o Projeto In Cineris, uma coletânea de bandas, notadamente as mineiras, contando parte da História das Minas Gerais através dos mais variados gêneros do Metal. A escolha da faixa para o tributo, ainda que extremamente coerente com o tipo de som perpetrado pela banda, evidenciava uma ousadia tamanha que, logo, a necessidade de uma segunda guitarra fez-se gritantemente notar. Após um período de audições e buscas por alguém que não apenas fosse técnico, mas tivesse entrosamento com a forma com que Velho Joça toca, destacou-se o parceiro Jorge Bloodfist, formando a base melódica para o muro de palhetadas nervosas do começo. O processo de seleção das bandas participantes continuou, embora o Raptor tivesse reservado já a antológica "Anjos do Apocalipse", epopéia do metal nacional, para fazer sua releitura.



Continuavam os shows, a afinidade e o entrosamento do novo line-up mostravam os novos membros como escolhas cada vez mais acertadas para integrar a família Raptor. Julho de 2007 marca a primeira incursão do Raptor em terrenos cinematográficos. Por ocasião de suas férias, Vinnie Bressandt resolve visitar o amigo de longa data Petter Baiestorf no quartel-general da Canibal Filmes, em Palmitos/SC. Entre cervejas e outras celebrações, resolve participar da última produção do videomaker mais famoso do Brasil: o sexploitation setentista "Arrombada – Vou mijar na Porra do seu Túmulo", atuando no papel de um traficante de drogas e... raptor!!! Na trilha sonora do média-metragem são incluídas duas das mais climáticas faixas de "Soulplunderers": a vinheta "Forest of Innocence's Fall" e a segunda versão de "Void of my Soul." A viagem rende ainda o primeiro videoclipe da banda, contendo apenas cenas do filme, enxertadas sobre desenhos com o inconfundível traço de Gurcius Gewdner (Os Legais; Bulhorgia Produções). De volta à sede, começa o processo de gravação de Anjos do Apocalipse no mesmo Inside Studios onde anteriormente fora registrada a demo. Os resultados não soam como o esperado e as gravações são interrompidas. O projeto só seria reiniciado do marco zero no ano seguinte. Contudo, no fim de 2007, a revista Roadie Crew publica na sua edição de dezembro uma resenha assinada por Frans Dourado, do primeiro trabalho do quinteto. As palavras elogiosas contidas em um veículo de circulação nacional para o público direcionado ao Heavy Metal impulsionam o interesse e a procura pela banda e por seu material.



Retomando as gravações e encarando o desafio, por fim, a gravação-homenagem aos desbravadores do metal nacional se concretiza em 2008. Contando mais de dez minutos de duração, a releitura para o clássico do Overdose atualizava a original fazendo citações diversas, contando com os backing vocals de Bráulio Hilário e incursões de Celso Moreira e Thiago Rodrigues, ambos nos teclados e efeitos sonoros. Submetida à apreciação de membros do próprio Overdose, uma versão editada da faixa passa a fazer parte do Myspace do Tributo, já batizado de "Zombie Fa(n)ctory". Até o momento, tanto o Myspace do Tributo quanto o Myspace do Raptor são os únicos veículos de divulgação da faixa. Há planos de lançar, ainda em 2009, um single contendo, entre outras faixas, a versão integral de "Anjos do Apocalipse", já que a única função da edição foi proporcionar a inclusão da faixa no site, que aceita apenas canções com, no máximo, dez minutos de duração. Permanece em curso a história, escrita de maneira simples e apaixonada, como as canções sinceras devem ser, sejam elas de que gênero for. A busca honesta e desmedida por alçar os céus em uma longa jornada ainda em curso, feito um cometa riscando a noite.



Em tempo: Raptor também pode ser a forma abreviada para RAPid Telescope for Optical Response, um instrumento usado na detecção e observação de corpos celestes em movimento. Coincidência? Espero sinceramente que não!









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