quinta-feira, 24 de setembro de 2009

ENTREVISTA COM RICARDO RAVACHE

O BLOG A FERRO E FOGO TEM O PRAZER DE APRESENTAR UMA ENTREVISTA COM UM SÍMBOLO DO METAL EM NOSSA PAIS: RICARDO RAVACHE. NOSSO BLOG É UMA HOMENAGEM A UMA DAS BANDAS INTEGRADAS PELO RICARDO QUE NOS ATENDEU DE MODO SIMPLES COMO SÓ OS VERDADEIROS SABEM FAZER. É UMA ENTREVISTA QUE SERÁ UM MARCO NA HISTÓRIA DESSE BLOG.



1. Nos conte um pouco de sua trajetória musical.





Começo com uma saudação aos leitores do A FERRO E FOGO.



Devo a motivação para dar os primeiros passos na música, ao meu primo e companheiro do Harppia e do Centurias, o Marcos Patriota. Em meados dos anos 70, éramos muito próximos e acabamos sendo contaminados pelo vírus da música juntos. Bom, nem preciso falar que na época, muito pouca informação chegava aqui no Brasil e tudo que aprendemos foi com muita garra, determinação e dedução. Como também tínhamos uma queda para a eletrônica, isso nos ajudou em muita coisa.



Sempre tínhamos dificuldade para achar um baterista e acabei conhecendo o Tibério Correia, em 1979, com quem acabei tocando numa banda de Rock’n’Roll chamada Aeroplano.



Depois disso, o Patriota me chamou para entrar no Harppia, quando conheci os lendários Jack Santiago e Hélcio Aguirra, assim como o Zé Henrique, o primeiro baterista do Harppia. Por um período, saí da banda e quando votei, trouxe comigo o Tibério e essa foi a formação que gravou o A Ferro e Fogo, que só foi possível pelo empenho e pioneirismo do Luiz Calanca, da Baratos Afins.



Depois do EP gravado, o Harppia debandou e tentei uma formação com o Patriota, o Jack e um amigo querido e grande guitarrista, o Roger Caleja. A formação não deu certo, mas graças a ela, estávamos com material novo e isso tudo coincidiu com uma fase em que o Centurias estava sendo reformulado. Assim, houve a aproximação natural, já que o Paulão Batera sempre foi um dos nossos melhores amigos, assim como o Cezar “Cachorrão” Zanelli, que deliciava a todos no Raibow Bar, fazendo “karaokê” do Judas Priest.



Mais uma vez, o Luiz Calanca, atento ao movimento, gravou o segundo álbum do Centurias, chamado Ninja.



No início dos anos 90, participei de uma banda chamada Linha 10, com renomados professores do Conservatório Souza Lima, como o Joe Moghrabi (atual IGT), Dinho Gonçalves e Liba Serra.



Fiquei mais ou menos em reclusão até 2002, quando o Jack Santiago me chamou para reformular o Harppia, o que rendeu um período de intensa atividade e digo que essa época foi muito importante para que eu pudesse rever gente querida e fazer novas amizades, inclusive conviver mais com essa pessoa incrível que é o Jack.





E por falar em amizades, em 2007 recebi o convite para participar do projeto solo do Mario Pastore, onde fui recebido como um irmão e tive a honra de compartilhar da competência tanto do Mario, como do Fabio Buitvidas (bateria), Raphael Gazal (guitarra), Alexandre Botaro (guitarra) e o Marcelo Paiva (artes gráficas).





2. Como você se sente sendo uma pessoa fundamental para a História do Metal Brasileiro.





Observando quanta gente talentosa e obstinada trabalha em prol do Metal, tenho ciência de que sou apenas “um tijolo na Grande Muralha da China”, o que me deixa muito feliz. O Metal no Brasil é uma instituição sólida, séria e duradoura e fico muito feliz em poder participar disso tudo.





3. Como você analisa o contexto dos anos 80? Quais eram as dificuldades e como o Harppia conseguiu uma posição de destaque naquele cenário?





As dificuldades eram muitas, mas acho que algumas delas continuam existindo, apesar de atualmente serem mais fáceis de contornar. O Brasil estava em transição da ditadura para alguma coisa parecida com democracia e tinha seu mercado internacional bem mais fechado. Um instrumento importado era para muito poucos. Internet não existia. Então, as informações chegavam de maneira lenta e incompleta até nós. Mandar um e-mail para um artista seria inimaginável na época.



O Harppia conseguiu uma posição de destaque pela qualidade das composições (posso dizer isso sem modéstia porque são todas de autoria do Jack Santiago, do Hélcio Aguirra e do Marcos Patriota) e tivemos a sorte de emplacar um hit, que é a Salem, a Cidade das Bruxas, que chamou a atenção até da grande imprensa, na época.



Sempre procurávamos transmitir segurança nas apresentações, à custa de muito ensaio e também tínhamos uma movimentação de palco inspirada no Judas Priest.





4. O forte do Harppia eram as apresentações ao vivo. Existe algum registro que pode ser lançado com o processo de remasterização?





Sabe que por mais que eu tenha procurado, não achei nenhum registro de filmagem ao vivo do Harppia. O Jack tem uma fita que contém uma passagem de câmera numa das edições da Praça do Rock que, sem mentira, não chega a 3 segundos!



Quanto a registro em áudio, creio que o Luiz Calanca deva ter. Ele possui coisas incríveis em seu acervo!





5. Após o fim do Harppia qual foi o seu direcionamento musical?




Acabei falando na primeira pergunta, mas aproveito para fazer um outro comentário agora.



Desde os anos 70, sempre fui apaixonado pelo Rock Progressivo. Então, naturalmente eu procuro introduzir elementos do progressivo aonde eu for tocar e um recurso que muito me agrada é o contraponto. Procuro aplicá-lo ao máximo. Aliás, fico triste se ouço uma banda com a guitarra e baixo em uníssono. Trabalhando o contraponto, a música pode crescer bastante.





6. Como você analisa o atual cenário brasileiro?





Nós, brasileiros, conseguimos conquistar um lugar de destaque no cenário mundial com muita luta e determinação, não só por parte das bandas como por parte dos órgãos de imprensa especializada e das gravadoras independentes. Indiretamente, nosso público demonstrou ser um excelente consumidor, o que chamou a atenção do mercado externo. Em suma, conseguimos respeito e o estamos mantendo.



Agora, o cenário atual... Não estou enxergando nenhuma grande novidade. Qualquer manifestação artística depende de renovação e com o Metal não poderia ser diferente. Mas ponho fé no futuro.





7. Nos conte um pouco de suas atuais atividades.





Atualmente ando preguiçoso. Por questões familiares e profissionais (não vivo de música), estou passando por uma fase mais sossegada, mas a cabeça não pára.





8. Que conselho dá para a galera que está iniciando sua trajetória no metal?





A não ser que o objetivo seja simplesmente se divertir, considerem a banda uma empresa. Não apenas PENSEM que estão considerando. Considerem mesmo, afinal de contas uma banda dá trabalho e traz um custo financeiro. Pensem grande, procurem descobrir algo novo (o cover vai trazer público que vai aplaudir hoje mas não vai lembrar amanhã) e nunca parem de sonhar e trabalhar.



Lembrem também que o que destrói 99% das bandas é o ego de um ou outro elemento. Sejam humildes, gentis e unidos uns com os outros.



O que a gente enxerga como sendo a melhor banda do mundo pode não ser o que os outros enxergam. Não vamos querer ser donos da razão e respeitar as diferentes opiniões.





9. Indique quais são as três bandas nacionais que você considera alicerce e dê suas razões.





Eta pergunta difícil. Acho que o alicerce nacional não está em apenas 3 bandas. Vou dizer as que vem à cabeça, na hora, e que me perdoem as outras, que são muitas.



Como não está especificado serem bandas de Metal e lembrando que já tenho uma certa idade (rs), a primeira banda nacional que me deixou de boca aberta foi a Patrulha do Espaço. O primeiro contato ainda foi na época do Arnaldo, mas a bateria do Júnior já era avassaladora.



Impossível deixar de citar o Sepultura, pela história de luta e pela posição que conquistou perante o mercado externo e o Sarcófago, por serem pioneiros ao criar um estilo seguido no Mundo todo.





10. Quais são seus planos futuros?





Nada muito definido, mas sempre penso em estudar, tocar, compor, gravar, estar sempre em atividade.





11. Comente um pouco sobre seu programa na Stay Rock.





Posso falar horas e horas sobre o Porão 47, meu programa na STAY ROCK.



Tudo começou com um convite do Cezar Heavy, um dos maiores batalhadores do Rock Nacional. É uma pessoa que, além de compor música da boa, ser um excelente músico e cantor, dá muito apoio a bandas nacionais. Sabe aquela coisa que passa às vezes na cabeça e você nunca pára pra pensar direito? Foi isso que aconteceu comigo. O Cezão convidou, me colocou em contato com o Renato Menez, que é o herói que comanda a rádio (e imediatamente se tornou um caro amigo). O Renato pediu para eu escolher uma vertente, eu fiquei em dúvida e comentei que gostava muito do Progressivo. Então eu acabei topando e assim comecei minha vida de radialista (rs) produzindo e apresentando o Porão 47 às 3as feiras, a partir das 21 horas.



Procuro ter a programação mais variada e abrangente possível, sempre respeitando ao menos um bloco com 3 bandas nacionais. Assim, a minha área de atuação é um período desde meados dos anos 60 até a atualidade, com bandas de todo o mundo, de diversos estilos, como o Sinfônico, Psicodélico, Eletrônico, Folk e tantos outros, além do Fusion, Jazz Rock e afins.



O Renato permite uma liberdade total de programação, o que permite entrevistas, sorteios e escolha absolutamente pessoal das músicas.



Estou muito feliz em fazer parte, assim como você, Paulo, da equipe STAY ROCK que agora em outubro comemora o primeiro ano de luta e vitórias.





12. Uma mensagem final para a galera do A FERRO E FOGO.




Foi muito gratificante participar do A FERRO E FOGO, afinal de contas se trata de um blog de altíssimo nível, tanto na construção e conteúdo quanto na participação dos leitores. Sinto-me honrado pelo convite e fico sempre à disposição.



Para as garotas, beijos angelicais e para os rapazes, braços fraternais!







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